
Dizer que não gosto de rótulos seria falar com um pouco de hipocrisia atrás de mim, porque esporadicamente também rotulo as pessoas, nem que seja por brincadeira. Porém estou constantemente a ser rotulado de várias maneiras diferentes e sinto que se fosse um produto teria que ser vendido em embalagens diferentes.
Para alguns sou o gajo barbudo que parece um vagabundo, para outros sou o Psicólogo que prontamente irá resolver problemas pessoais ou que está constantemente a observar. Na ideia de uns sou aquele sujeito meio louco que age de forma estranha e diz coisas imagináveis, só justificadas ou por loucura ou por tomar estupefacientes. Em certos meios sou um sujeito da tuna, noutros o solista ou o estudante que anda "metido" nas praxes, mas só apenas para alguns é que sou o João Tiago.
Não, eu não tenho distúrbio de múltipla personalidade, porque simplesmente sou sempre eu mesmo. Como todos nós, estou inserido em grupos diferentes e desempenho papeis diferentes, pois todos somos filhos de alguém, netos de outros, naturais de regiões diferentes e todos representamos coisas diferentes.
Fico cansado por receber tantos rótulos, mas infelizmente a vida é mesmo assim e somos obrigados a conviver com isso. No topo da minha arrogância, acho que não tenho espaço para tantos rótulos, o que por um lado é bom sinal, mas que faz com que crie ainda mais rótulos pela minha necessidade de querer apagar outros.
Ao exorcizar estes meus pensamentos, faz com que eu pense que no fundo eu gosto de todos estes rótulos. Tudo isto faz-me sentir orgulhoso de mim mesmo, pois é sinal que o conteudo tem alguma qualidade para mercer tantos rótulos e que mesmo não tendo é sinal de grande diversidade.